Teoria

Ecologia dos sentidos

O estatuto científico da comunicação é impreciso. Alguns argumentam em favor da idéia de que a comunicação seja uma disciplina científica. Outros defendem a idéia de que ela seja um campo interdisciplinar capaz de gerar, apesar de tudo, certezas científicas. Outros intelectuais contemporâneos que trabalham na área de comunicação tendem a estudá-la de pontos de vista filosóficos vendo na ciência um instrumento de poder. Acreditamos que todos os precedentes têm uma parte da razão e defendemos a idéia de que novas propostas teóricas devam ser examinadas. Nossa proposta é de considerar a comunicação, (1) em termos científicos, como um campo transdisciplinar cuja necessidade estaria enraizada na biologia, permitindo, dessa maneira, a possibilidade de construção de códigos múltiplos usados em todas as ciências e, (2) em termos existenciais, como o locus da moralidade interior, geradora de ações éticas no campo politico. Estas duas dimensões se imbricam e devem ser consideradas como um continuum.

Esta posição teórica é baseada nas contribuições de diferentes autores que trabalham com as epistemologias genética e crítica. Com relação à epistemologia genética, integramos os trabalhos biológicos e socio-lógicos de Jean Piaget, Jean-Blaise Grize, Denis Miéville e Emílio Gattico. No que diz respeito à epistemologia crítica, assim como relativamente à moral e à ética, exploramos a teoria social de Jürgen Habermas e os trabalhos de Zygmunt Bauman. Para o construtivismo crítico, a comunicação se constitui, essencialmente, em uma Ética que tem no diálogo um possível capaz de guiar o comportamento humano e proporcionar mudanças psicológicas e sociopolíticas.